Não tem um único dia em que abrimos os jornais, ou assistimos a TV sem nos deparamos com algum comentário com morte, roubo ou sequestro, entre tantas outras criatividades “bandidescas”. Elas têm como personagem principal o dinheiro, a grana, a bufunfa. Também não faltam ficções sobre o assunto. Livros e filmes com histórias bárbaras, de muita ousadia, para garantir a felicidade eterna com grana.
Dinheiro e tudo o que ele compra: para isso, vale morrer ou matar – em nome do poder e da felicidade; da possibilidade de ter de tudo. Penso, logo possuo. Compro, logo existo. Imediatismo. Necessidades que o consumismo desenfreado nos impõe. E nós? Aceitamos, sem questionar.
Quantas vezes falamos para nossos filhos, ou ouvimos amigos e conhecidos falarem: “Não posso, pois não tenho dinheiro”. Será que acreditamos mesmo que deixamos de fazer as coisas importantes por falta de recursos? Conheço uma senhora de quase oitenta anos que ganha dois salários mínimos de aposentadoria e mesmo assim, viajou pelo mundo todo. Sim, isso mesmo: México, Peru, França, Dinamarca, Rússia, Egito, Índia... Ganhando dois salários mínimos!
Como pode? Por que algumas pessoas conseguem fazer coisas com seu dinheiro, as quais nós, em geral, achamos quase impossível? Em que gastamos? O que valorizamos? Quanto de fato precisamos gastar? Meu pai, adaptando Sócrates, diz que adora passear no shopping para ver o enorme número de coisas que existem e que ele não precisa ter para ser feliz. Talvez seja essa a questão.
Hoje é possível entrar em livrarias, sentar-nos, passar a tarde lendo sem comprar um único livro. Será que não está faltando interesse? Criatividade? Está certo que nunca pensamos em ir a algum lugar de venda de objetos sem que seja para consumi-los. Mas, consumir não quer dizer necessariamente levar para casa:
– Mãe, mãe! Compra pra mim essa árvore? Assim eu posso subir nela quando quero!
– Filho, essa árvore não dá pra comprar, é da pracinha. E cuidado pra não cair!
– Mãe, manhê! Então compra o sol que tá tão quentinho. Assim, quando estiver chovendo e chato, a gente solta ele pra brilhar pra nós.
– Filho, de onde tirou essa ideia? O sol, não tem dinheiro que pague.
– Ué, a gente não é rico?
– Sim, mas...
– Assim não tem graça brincar no parque. Não dá pra comprar nada! Vamos pro shopping, mãe?
foto betânia dutra
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